Técnicas

Quinta Tricotada – Montagem das Malhas II

Outra montagem possível, e a que mais vezes vejo entre amigas, é a montagem à italiana.

Sinceramente, sou péssima para nomes e esta é a designação que encontrei no Grande Livro dos Lavores da Reader´s Digest. Nas publicações de língua inglesa, esta montagem é geralmente chamada de Long-Tail Cast-On, mas também aparece como Double Cast-On ou Continental Cast-on.

Nomes à parte, esta é a montagem que utilizo sempre que tricoto trabalhos circulares. Quando tricotamos de forma circular nunca viramos o trabalho para o lado do avesso, apenas vemos o lado direito. E nesta montagem, o lado “bonitinho” fica virado para o lado em que estamos a montar as malhas. Na montagem que filmei na semana anterior, o lado “bonitinho” fica do lado oposto à montagem e que será a 1ª carreira.

É uma montagem com elasticidade, óptima como base para o ponto jersey e para o ponto canelado e da qual é fácil levantar malhas, caso seja necessário.

Nesta montagem à semelhança da anterior, é necessário colocar de parte algum comprimento de fio, sobre o qual se irá realizar a montagem.
Muitas vezes, surge a questão de qual a quantidade de fio a deixar. Uma forma segura será montar por exemplo 10 malhas, depois desfazê-las e medindo a quantidade de fio necessário para 10 malhas, basta usar uma regra de 3 para perceber que comprimento será necessário para a número total de malhas. Já li também que geralmente se utilizará o triplo da largura da peça.

Quando vamos fazer montagens de muitas malhas (por exemplo na base de um xaile) ajuda colocarmos marcadores de 10 em 10 ou de 20 em 20 malhas. Se por acaso os filhotes nos solicitarem a atenção no momento em que estamos a contar e nos perdermos, será mais fácil com esta preciosa ajuda!

No vídeo eu faço um nó corredio para começar mas não é absolutamente necessário. Podemos com o indicador apenas segurar o fio por cima da agulha e começar. Tentem!

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=9MwpgbPYKoA&fs=1&hl=pt_PT&rel=0%5D

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A música desta vez é dos Camera Obscura e já agora para as pessoas com as quais não tenho contacto pessoal mas que andem à procura do Grande Livro dos Lavores, podem encontrá-lo com muita frequência aqui ao virar da esquina na livraria Paraíso do Livro na Rua José Falcão!

Montagem das Malhas – 1ª Parte


Hoje vou falar acerca da montagem das malhas.

Quantas de nós se recordam de ser a mãe, uma avó ou uma vizinha,  a pessoa que recorríamos para colocar as argolinhas na agulha, mesmo quando já se sabia tricotar.

Tenho reparado que a montagem é efectivamente a aprendizagem mais volátil dos cursos de iniciação ao tricot e é totalmente compreensível.

O certo é que tricotamos muitas e muitas carreiras num trabalho mas a montagem é efectuada apenas uma vez.

Existem várias formas de montar as malhas, ao contrário do que pensei durante anos.

Para mim foi uma descoberta as variações e diferentes aplicações dos vários tipos de montagem. O certo é que naturalmente as minhas mãos vão pedindo a montagem que aprendi com a minha mãe, quando era pequena.

Agora, os factores que tenho em consideração ao escolher o tipo de montagem são a elasticidade necessária, se vou iniciar um trabalho circular e se essa montagem será provisória.

Quando começamos a fazer a montagem devemos ter particular atenção à sua regularidade, já que vai servir de base às carreiras iniciais.

A maior parte de nós tem tendência a fazê-la um pouco apertada e isto sim, devemos evitar. Uma montagem apertada torna-se desconfortável e desgasta-se com muita mais rapidez. Para ajudar a soltar um pouco as malhas, podemos fazer a montagem numa agulha mais grossa ou podemos usar duas agulhas juntas. Como já referi para as ourelas, o ideal é experimentar e verificar o que resulta melhor para cada uma de nós!

A montagem que geralmente ensino na primeira aula do workshop de iniciação ao tricot é a que apresento de seguida, filmada em vídeo.

Espero que sirva de apoio  a quem regressa a casa depois do workshop e, ao iniciar um novo projecto, já não se recorda como a trabalhou (espero que tenham aberto o livrinho que vos dou e tenham tentado fazer com a descrição passo-a-passo com fotos, primeiro!).

Esta montagem confere uma base firme ao nosso trabalho.

O lado onde estamos a fazer a montagem fica com um aspecto semelhante às ondas das malhas de liga (geralmente é o avesso do trabalho), do lado oposto fica com um aspecto decorativo (geralmente é a frente do nosso trabalho), como na fotografia seguinte.

E agora o vídeo:

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A música do vídeo trazida pelas mãos da Carla, é da Agnes Obel e manifestou-se como uma massagem perfeita a qualquer estado de alma!

 

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Quinta Tricotada 2 – As Ourelas

Muitas vezes aparecem pessoas na Ovelha e dizem-me que lhes ensinaram há muito tempo a fazer os lados do trabalho de forma a ficarem mais perfeitos, de uma forma específica, “acho que se passava uma malha sem tricotar”, dizem-me e de seguida perguntam-me “como é que se fazia?”

Pois, não faço ideia…!

Existem variadíssimas formas de trabalhar as ourelas e seria uma sorte acertar na que estaria à procura, então vou sugerindo algumas, mas por vezes as variações são tão subtis que se torna complicado relembrar.

Ao contrário da liga e da meia que se faz da mesma forma, as ourelas, podem ser realizadas numa base de uma malha, duas, três e com imensas variações.

Antes de mais nada, o que é uma ourela?

As ourelas são as margens do nosso trabalho e podem ser trabalhadas demarcadamente de forma diferente do resto do padrão. Podem integrar uma parte costurada ou terem como objectivo um efeito decorativo.

Quais as razões para trabalharmos as malhas da ourela de forma diferente?

É um bom método de conseguirmos uma borda mais firme e que servirá para estabilizar o resto do esquema trabalhado. Podemos optar por trabalhar a ourela diferente se quisermos criar uma margem mais definida para cozer ou para levantar malhas ou ainda para estabilizar uma margem que enrola.

As ourelas acabam por delinear bem a forma da peça o que tirar medidas de forma mais eficaz, neste caso, estas malhas adicionais não contam.

Quando acabamos um trabalho e pretendemos fazer a blocagem, esta pode ser realizada utilizando estas malhas de ourela.

Que ourela aplicar?

O melhor é experimentar!

Fazer então uma amostra com a ourela escolhida, no esquema de malhas que vamos utilizar e ver se o resultado nos agrada, se acompanha a tensão do resto do esquema (podem verificar na primeira fotografia que os dois tipos de ourela fotografados têm tensões diferentes), se achamos que serve os nossos propósitos  seja ele definir, ajudar a coser, estabilizar.

Existem ourelas de uma malha, duas e até de três malhas.

As ourelas de uma malha são geralmente utilizadas para serem cosidas ou para nelas se levantarem malhas. As ourelas de mais de uma malha, regra geral são decorativas, embora já as tenho visto utilizadas em costuras laterais.

Alguns exemplos de ourelas:

Esta ourela tão simpática é trabalhada de igual forma do direito e no avesso – a primeira malha de todas as carreiras é sempre passada como meia e a última malha tricotada como meia.

Dá um óptimo acabamento para peças em jarreteira (ponto mousse), mas na minha opinião complica se tivermos o objectivo de a coser, já que se formam uns altinhos que se evidenciam na lateral e que só acontecem de duas em duas carreiras.

Esta ourela que aparece com o nome de ourela de cadeia em vários livros, trabalha-se passando a primeira e a última malha como liga com o fio pela frente. Na carreira do avesso, tricota-se a primeira malha em meia torcida (tricotar por trás como na imagem) e tricota-se a última malha em meia.

Esta é a ourela que obtenho quando tricoto todas as malhas do trabalho. Na fotografia abaixo, tricotei todas as malhas em meia no direito do trabalho e todas as malhas em liga no avesso do trabalho. Confesso que é a que uso com mais frequência. De qualquer forma “esgano” as primeiras 4 ou 5 malhas, tricoto-as muito apertadinhas para que fiquem mais uniformes. Não esqueçamos que estas malhas são tricotadas duas vezes seguidas, pois são as malhas do final de uma carreira e do início da seguinte.

Esta ourela também é uma ourela de cadeia mas fica ainda mais decorativa.


Obtém-se tricotando a primeira malha em meia torcida e tricotando a última malha em meia. No avesso do trabalho, passa-se a primeira e a última malha em liga.

Ourelas trabalhadas numa base de duas malhas

Como referi a ourela pode ser trabalhada sobre uma base de duas malhas e aqui ficam dois exemplos.

No direito do trabalho, passamos a primeira malha como meia e tricotamos uma malha em liga, as duas últimas malhas são tricotadas, uma em liga e uma em meia.

No avesso do trabalho, passamos a primeira malha como meia torcida e tricotamos duas malhas em meia. As últimas 3 malhas são tricotadas em meia também.

E esta ourela executa-se passando uma malha como meia torcida e tricotamos uma malha em meia. As duas últimas malhas da carreira são tricotadas em meia também.

No avesso do trabalho trabalhamos as malhas da mesma forma que no direito.

A verdadeira fórmula neste tema e em vários do tricot é experimentar e experimentar! Encontrar o que para nós é a melhor solução.

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Uma malha passada é uma malha que é transferida sem tricotar de uma agulha para outra. Podemos pegar nela como uma malha de meia ou como uma malha de liga.

Queria pedir desculpa às  pessoas que gentilmente comentaram a última Quinta Tricotada e cujos comentários desapareceram. Por questões de organização do blog tive que transferir este tema para as “Categorias” e retirá-lo das “Páginas” e como consequência os comentários desapareceram.

Quintas tricotada 1 – Como substituir um fio

A partir de hoje, vou tentar todas as quintas-feiras, colocar um post sobre técnicas de tricot.

Algo que complemente de alguma forma os cursos e que sirva de apoio aos mesmos.

O tricot não é uma ciência, não há uma forma apenas de fazer as coisas, e o que por vezes resulta melhor para uns, resulta pior para outros. Portanto, o que vou partilhando é obviamente o que sei, mas com a noção, que em várias técnicas há várias formas de execução.

Deixem-me também aproveitar este espaço e digam-me a vossa forma de sentir e trabalhar o Tricot!

Poderão procurar estes posts, na CategoriaQuinta Tricotada.

Como substituir um fio?

Algumas vezes temos necessidade de substituir o fio num modelo que gostamos.

Seja por necessidade estética, pelo clima, porque existe um fio que gostamos mais de trabalhar ou qualquer outra razão,  há que ter algumas considerações antes de avançar.

O único fio que vai reproduzir de forma fiel a fotografia do modelo é o aconselhado pelo mesmo.

E mesmo que optem por um que tenha a mesma tensão (e já vou falar disso), fibras diferentes têm características diferentes, têm diferentes pesos, brilho, formas de cair… E temos de fazer esse exercício de imaginação e pensar como gostaríamos mais que fosse o resultado final.

A tensão do fio (em inglês gauge) é o número de malhas e carreiras necessárias de serem tricotadas para conseguirmos obter um quadrado de 10cm (esta medida serve-nos de referência mas poderíamos usar outra). Na banda de cada novelo geralmente é fornecida essa informação, através de uma quadradinho semelhante ao que aparece na imagem.

A substituição do fio deverá passar por escolher então um outro com a mesma tensão. A agulha aconselhada serve apenas de referência e não como um dado absoluto. Todos nós temos tensões diferentes a tricotar,  mais solto ou mais apertado, e temos muitas vezes de subir ou descer o número da agulha aconselhada.

Escolhido então um fio que gostamos com uma tensão idêntica, precisamos de calcular o número de novelos necessários.

Mais que pensarmos em gramas devemos pensar em metros. Por exemplo, a camisola inicial usa 600g de Cashsoft DK, que são 12 novelos de 50g e com 115m cada um. Se pretendo substituir pelo Felted Tweed, que são igualmente novelos de 50g mas com 175m, necessito de 8 novelos. Como fiz as contas? Multiplico o número de novelos iniciais pelos metros que cada um tem (12x115m=1380) e divido o valor final pelo número de metros que tem cada novelo de Felted Tweed (1380/175=7,89). Voilà!